Presidindo a Comissão da Saúde desde janeiro deste ano, o vereador Roberto Parra (PMDB) traz números que, segundo ele, são preocupantes e que precisam ser discutidos. Os dados a que o edil se refere são dos atestados médicos fornecidos a servidores da saúde, com base no relatório disponibilizado à Comissão pela Divisão de Medicina e Segurança no Trabalho, do Departamento de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde de Cascavel.
Números surpreendentes
“Os relatórios [dos atestados] são surpreendentes. De 1º de junho de 2016 a 31 de julho de 2017 foram fornecidos 14.788 atestados, uma média de 1,3 mil por mês”.
Psiquiatria
“Observando os dados, o que deixou a Comissão da Saúde bastante preocupada é que em 26% dos casos os atestados são dados em decorrência de problemas psiquiátricos. No gráfico, eles aparecem em primeiro lugar, ultrapassando até os afastamentos que envolvem gestantes, que somam 12%”.
Interrogações
“Saber que o maior número de atestados está relacionado à psiquiatria traz um alerta: o que está acontecendo com estes profissionais? É o estresse? Sobrecarga de trabalho? Pressão? Precisamos entender o que está havendo”.
Mais nas férias
“O que também foi percebido por meio do relatório é que entre os meses de novembro, dezembro e janeiro e também entre junho e julho é que o número de atestados dispara. Normalmente, a média mensal de pedidos de atestado é de 3%. Nestes períodos, que coincidem com as férias escolares, o índice sobe para 10%. Isso mostra que há irregularidades, prova que existe fraude. A doença não vai escolher o mês. Infelizmente, enfrentamos um corporativismo muito difícil de ser combatido, mas é para isso que a Comissão da Saúde está aqui, para fiscalizar”.
Acabar com os excessos
“Embora a resposta da Secretaria da Saúde e dos servidores é de que estes números são normais, não considero da mesma forma. Lógico que existem casos em que o atestado é necessário, mas o grande problema são os excessos e é exatamente este ponto onde há algumas distorções que precisam ser corrigidas. A população precisa de uma resposta do poder público”.
Nem na experiência
“Esta questão não envolve só os médicos, mas também técnicos em enfermagem, enfermeiros e tantos outros servidores da pasta. Se esse excesso de atestados ocorresse na iniciativa privada, estes profissionais não passariam nem na experiência”.
Troca de gentilezas
“Vou solicitar à Câmara de Vereadores para que se contrate uma empresa que pontue estes dados apresentados pela Secretaria de Saúde, que faça uma auditoria externa sobre os atestados e contribua com a nossa fiscalização. Queremos saber ainda se são os próprios médicos que fornecem atestados um para o outro e se há, por exemplo, uma troca de gentilezas”.
Falta de leitos
“A UPA [Unidade de Pronto Atendimento] faz o seu papel, a grande dificuldade na saúde está relacionada aos internamentos e a falta de leitos disponíveis à população. O Governo do Paraná não está colaborando, e preciso pontuar aqui que esta é uma responsabilidade do Estado, que é quem controla a Central de Leitos e encaminha os pacientes que devem ser internados aos hospitais que possuem vagas pelo SUS. Porém, quem está arcando com isso hoje é o município, já que a UPA, que só deveria atendê-los por 24 horas, abriga estes pacientes por vários dias”.
Sem prioridade
“O agravante nestes casos é quando envolve um idoso […], eles [o Estado] não atendem, não dão prioridade. O município tenta fazer a parte dele, mas não consegue absorver tudo”.
Consamu na UPA
“Eu era bem crítico em fazer parcerias de serviço público, mas preciso bater palmas para esta iniciativa. Antes, um paciente esperava o dia todo por atendimento na UPA Pediatria, hoje, a média é de 45 minutos de espera, tudo por conta da gestão compartilhada feita pelo Consamu [Consórcio Intermunicipal Samu Oeste]. Já mudou muito e é um serviço que está dando certo. Sou favorável até em fazer isso em todas as UPAs da cidade”.
Parra na Alep?
“Já me perguntaram se tenho interesse em me candidatar no próximo ano para deputado estadual. Adianto que não, pois quero encerrar meu mandato de quatro anos como vereador, tentar a reeleição, quem sabe até a presidência da Casa de Leis, e só depois disso é que darei este passo. Quero ter a aprovação do trabalho que faço hoje”.