Pelo segundo ano consecutivo um trigo brasileiro foi lançado para ser cultivado em solo boliviano. A cultivar TBIO Sossego, do portfólio da empresa brasileira de melhoramento genético, Biotrigo Genética, foi aprovada pela Anapo (Associação dos Produtores de Oleaginosas e Trigo) da Bolívia tendo em vista diversas características agronômicas, com destaque para a excelente reação à Brusone.
O lançamento ocorreu na semana passada durante a 25ª edição do Dia Nacional do Trigo na Bolívia. Promovido pela Anapo, o evento reuniu mais de dois mil triticultores do país. Participaram também cerca de 70 empresas, entre fornecedores de insumos, prestação de serviços agrícolas, centros de pesquisa, instituições financeiras, fornecedores de maquinário, indústrias, entre outros.
A Brusone é uma das doenças mais agressivas na cultura do trigo, afetando diretamente a produtividade do cereal, a lucratividade do agricultor e ainda é um dos motivos para que o país tenha que importar mais de 70% da demanda total para atender ao consumo interno. Na safra passada foram semeados 109 mil hectares de trigo, com um rendimento médio de 1,57 ton/ha e uma produção de 170 mil toneladas. Em 2018, a área foi mantida e a perspectiva é de que os resultados de rendimento sejam melhores se as chuvas retornarem.
Conforme o gerente de Planejamento e Gestão da Anapo, Jaime Hernandez Zamora, implantar tecnologias resistentes à doença na Bolívia são fundamentais já que o clima do país oferece um ambiente mais favorável à ocorrência da doença. “O principal objetivo é melhorar a produtividade do trigo no país e buscar a autossuficiência na produção do cereal. É por meio de cultivares resistentes que a Bolívia poderá aumentar a produção, o potencial de rendimento e a qualidade do trigo na Bolívia”, disse Jaime. Para se tornar autossuficiente, o país precisaria produzir pelo menos 700 mil toneladas de trigo ao ano.
A tecnologia foi apresentada no evento na presença do diretor da Biotrigo Genética, pós-doutor em melhoramento genético André Cunha Rosa, e do supervisor comercial da empresa, Bruno Leonardo Alves.
Segundo André, como a aplicação de fungicidas é pouco eficiente para o controle da doença, a genética é atualmente a melhor estratégia de controle. “Nosso programa de melhoramento genético está desenvolvendo pesquisas em conjunto com a Kansas State University (EUA) e a Unidade de Pesquisa da Anapo, na Bolívia, para criar tecnologias cada vez mais eficazes no controle da doença que é potencialmente importante para vários países do Mercosul. São poucas as cultivares de trigo com resistência comprovada à Brusone no mundo, entre elas o TBIO Mestre, já cultivado em solo boliviano e o TBIO Sossego, cuja semente será multiplicada já nessa safra”, explicou André.
Pacote fitossanitário
Cultivada também em solo brasileiro desde a safra 2017, TBIO Sossego é conhecida pelo seu amplo pacote fitossanitário. “Como o próprio nome indica, o TBIO Sossego oferece maior segurança ao produtor. A cultivar tem ciclo médio, ampla adaptação, excelente sanidade foliar para enfermidades como ferrugem e manchas foliares, excelente nível de resistência as doenças de espiga, segurança quanto ao acame e desgrana, além de apresentar elevado potencial de rendimento e qualidade industrial”, complementou. A indicação do TBIO Sossego é para aberturas de semeadura em lavouras de baixo e médio investimento em todas as regiões tritícolas da Bolívia, justamente pela resistência à Brusone, mais comum nas primeiras semeaduras.
O TBIO Mestre, já disponível comercialmente na Bolívia, tem ciclo médio e porte médio e é classificado como moderadamente resistente a acamamento e à Brusone. Na Bolívia, a indicação também é para fechamento de semeadura, pois tem enfrentado bem as condições de pouca chuva, comuns neste período.