O setor de carne suína vem sofrendo as consequências de uma “russo-dependência”. Maior comprador dessa proteína animal brasileira, com cerca de 40% das remessas ao exterior, a Rússia embargou as importações da carne em novembro de 2017.
De janeiro a maio de 2018, foram exportados apenas 136 mil quilos ao país. No ano passado, no mesmo período, já tinham sido 107,6 milhões. “Só conseguiram manter frigoríficos menores que tinham contratos mais antigos e que não poderiam ser interrompidos, com alguns cortes diferenciados”, afirma o presidente da APS (Associação Paranaense de Suinocultores), Jacir Dariva.
O motivo oficial é a presença da substância ractopamina, identificado em remessas e proibidas no país euro-asiático. Mas existem suspeitas de um ‘golpe econômico’ para fortalecer a produção interna da Rússia em um momento de alto consumo: a Copa do Mundo. “O grande bloqueador é o ministro da agricultura russo, produtor de suínos e trigo, que encontrou vários ingredientes para justificar a proibição. Além da ractopamina, tivemos a Carne Fraca. Talvez estejam esperando a Copa para depois liberar o produto brasileiro”, afirma Paulo Molinari, analista da consultoria Safras & Mercado.
Há ainda quem desconfie de uma retaliação envolvendo o mercado de trigo, tentando forçar o Brasil a iniciar as compras do produto russo. “Não acho que tenha ver com o trigo, mas não vejo expectativa de melhoras neste ano”, completa Molinari.