Agronegócio

Safra de grãos do Paraná poderá chegar a 37 milhões de toneladas

Milho paranaense deve contribuir com 17% da produção nacional em 2019. De maneira geral, as estimativas mostraram pequenas variações na comparação com o mês passado, com redução de 12% na produção de grãos de verão, por força da perda da safra de soja.

Foto Jonas Oliveira/SECS
Foto Jonas Oliveira/SECS

Relatório da safra 2018/2019 divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, mostra que a produção paranaense de grão pode chegar a 37,1 milhões de toneladas, uma variação positiva de 5% em relação à safra anterior.

Segundo o Deral, o milho pode representar 17% do total nacional na safra 2018/2019. O Estado ocupa a segunda posição no ranking brasileiro de produção do grão, que é de aproximadamente 95 milhões de toneladas.

De maneira geral, as estimativas mostraram pequenas variações na comparação com o mês passado, com redução de 12% na produção de grãos de verão, por força da perda da safra de soja. Além disso, reduziu a expectativa de produção do milho safrinha, mas mesmo assim deve superar 13 milhões de toneladas.

Com a relação à cultura do trigo, a área de plantio confirmou-se menor em relação à safra passada. “Porém, as estimativas em termos de produção de grãos desta safra ainda superam a do ano anterior”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.

Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, a safra paranaense ainda pode ser representativa. “Mesmo nesse contexto difícil, com clima bastante estável neste ano, temos uma avaliação positiva da nossa safra, na mesma linha da safra brasileira, que tende a ser a segunda maior da história”, disse. Segundo ele, o Paraná teve sua maior produção agrícola na safra 16/17 e, desde então, problemas climáticos afetaram os melhores desempenhos. “Mas temos uma produção digna do esforço dos nossos agricultores”, acrescentou.

MILHO SEGUNDA SAFRA – O Norte do Estado está em alerta com uma estimativa de produção que pode ficar abaixo da média, em decorrência da falta de chuva. Por outro lado, as demais regiões do Paraná estão acima da média.

A expectativa para a segunda safra de milho é de 13 milhões de toneladas, 42% superior à do ano passado, com a área mantendo-se em 2,2 milhões de hectares, um avanço de 7% na comparação com a safra anterior, quando atingiu 2,1 milhões de hectares.

Mesmo com o impacto causado pelo clima na região Norte nos últimos dias, a produção total de milho ainda tende a ser satisfatória, chegando a 16 milhões de toneladas. A safra 17/18 atingiu 12 milhões de toneladas. “Isso corrobora com o cenário brasileiro, que também tem uma estimativa positiva, em torno de 90 a 95 milhões de toneladas”, explica o técnico do Deral Edmar Gervásio.

Os preços registraram queda de 20%. Hoje, a saca de 60 kg de milho no mercado interno é comercializada por R$ 25,00. No mesmo período do ano passado, o valor era de R$ 32,00. “A oferta do cereal está grande não só no Paraná, mas no Brasil como um todo, e isso pressiona os preços no mercado interno. O preço para o produtor está baixo, mas no mercado internacional está alto”, diz Gervásio.

No entanto, o preço médio deste ano é considerado estável até o momento. Na comparação entre os cinco primeiros meses de 2019 e a média de 2018, o valor está em R$ 28,00. “No cenário da comercialização, se o produtor tiver uma venda satisfatória, mantém a média de R$ 28,00. Há um atraso significativo no plantio norte-americano, e isso tem impacto nos preços”, afirma o técnico.

Ele diz que a insegurança dos produtores quanto aos preços pode causar um atraso maior na comercialização do milho, que já está lenta para o período, já que os valores não estão vantajosos como no ano passado.

SOJA – O relatório do Deral confirma as projeções de área e produção para a soja paranaense de 16,2 milhões de toneladas, com previsão de quebra de 17%, aproximadamente 3,4 milhões de toneladas. O excesso de calor e a falta de chuva foram determinantes para esse índice, diz o relatório.

A comercialização está próxima de 52%, o que equivale a pouco mais de 8 milhões de toneladas. No mesmo período do ano passado, o índice era de 61%. Isso comprova que o produtor de soja freou a venda na expectativa de melhora nos preços.

Tanto o atraso no plantio norte-americano quanto o impasse comercial entre Estados Unidos e China contribuíram para a queda do preço internacional, com impacto no mercado nacional. Nos últimos dias, as indefinições político-econômicas no Brasil mantiveram o dólar em valores mais altos. Esse cenário favorece os exportadores, mas não indica necessariamente um bom preço no mercado internacional.

“Ainda não há definição para a próxima safra brasileira”, diz o economista do Deral Marcelo Garrido. Os produtores decidem entre junho e julho quando iniciar o plantio. “A expectativa para a próxima safra depende do plantio nos EUA. A tendência é que o produtor aguarde a definição da área norte-americana. Os próximos 40 dias são determinantes para a decisão”, afirma.

Na semana passada, os preços registraram queda de 12% comparativamente ao mesmo período de 2018. Atualmente, a saca de 60 kg de soja é comercializada por R$ 66,00.

FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – O feijão da segunda safra está 50% colhido e a estimativa é de uma área 8% maior à do ano passado, chegando a 230,6 mil hectares. Cerca de 76% das lavouras apresentam boa qualidade. Na região Sudoeste, no entanto, a chuva dos últimos dias deve trazer perdas, mas não muito acentuadas.

A produção, inicialmente projetada em 430 mil toneladas, reduziu para 409 mil toneladas, mas houve aumento de 33% de aumento na produtividade esse ano, com relação ao ano passado.

A colheita está adiantada, pois o tempo tem colaborado. De acordo com as previsões do Deral, essa colheita vai se estender até os primeiros dias de junho, pois, se não chover, deve se intensificar.

A estimativa de produção da segunda safra mostra um aumento de 47% em comparação com o ano anterior – de 278 mil toneladas para 408,7 mil toneladas. “Esse aumento representa uma recuperação da produção após a quebra de 25% registrada na primeira safra por problemas climáticos, e consequente aumento nos preços. Agora, está acontecendo o inverso: com oferta maior, preços devem cair”, explica o economista do Deral, Methodio Groxko.

Não houve alteração significativa nos preços na comparação com a safra passada. Hoje, a saca de 60 kg de feijão-preto é comercializada por R$ 115,00. No mesmo período de 2018, o valor era R$ 116,00. No feijão de cor, a diferença é de R$ 27 de 2018 para 2019. Neste ano, a saca de 60 kg é comercializada por R$ 130.

TRIGO – Tanto a área quanto a produção de trigo mantiveram os índices anteriores. A estimativa de área está em um milhão de hectares, e a produção esperada para a safra 18/19 é de 3,2 milhões de toneladas. Cerca de 60% da área está plantada até o momento, resultado bastante superior ao do ano passado, quando a seca atrasou o plantio.

A saca de 60 kg de trigo é comercializada a R$ 46,50, preço 10% superior ao mesmo período de 2018. Porém, o custo também teve um aumento significativo, gerando uma redução de área de 9%, na comparação com a safra passada. A rentabilidade também melhorou. Porém, como a colheita não começou, não há confirmação sobre a continuidade dos preços. “O cenário ainda é incerto. A menor demanda da China e o atraso no plantio norte-americano são fatores que podem ajudar o preço do trigo e de outras commodities”, explica o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Winckler Godinho, do Deral.

CEVADA– O Paraná é o maior produtor de cevada do Brasil. Os dados do relatório mensal mostram que área segue semelhante à safra 17/18-56 mil hectares, mas a produção deve aumentar 16%, de acordo com o engenheiro agrônomo do Deral, Rogério Nogueira.

Na safra passada, foram produzidas 220 mil toneladas. Agora, a estimativa de produção é de 255 mil. Cerca de 31% da produção já está comercializada, especialmente no município de Guarapuava, principal produtor. Lá, os agricultores já comercializaram 50% da produção. O plantio começa em junho.