Comandar a fazenda do pai sempre foi um desafio para Rejane Dutra que, no início, enfrentou resistência dos funcionários e depois se deparou com uma situação ainda mais delicada. “Eu sempre trabalhei na fazenda do meu pai, mas, quando comecei a tomar as decisões, os funcionários não confiavam e só depois é que conseguiram ver que eu também estava ali para somar e agregar ao trabalho que eles já faziam. Depois de um tempo precisei de ajuda. Em vez de procurar fora, chamei meu marido. No início foi bem complicado para ele entender que os dois trabalham e tomam as decisões juntos, entender que eu estava ali para somar e não competir com ele… Isso durou dois, três anos até ele entender que nós estávamos ali juntos e indo para o mesmo caminho e que a união nos levaria mais longe. Eu tive uma educação que mulher e homem são iguais. Na minha casa não tinha essa de o homem ou a mulher mandar mais, então, por isso, foi muito difícil viver essa situação na pele”, conta a agricultora que cultiva soja e milho e ainda cria gado de corte na propriedade da família em 1º de Maio, no norte do Estado.
Karla também foi criada no meio rural e já enfrentou preconceito. Por isso, além de lutar pelo espaço conquistado, hoje ajuda outras mulheres a conquistarem seu lugar nas propriedades. “Hoje eu sou a administradora geral da fazenda da família. Trabalham comigo meu marido, um cunhado e meu filho, cada um deles é responsável por um setor e eu tomo conta da propriedade como um todo. Nós, mulheres, temos capacidade igual para desempenhar qualquer atividade e precisamos nos ajudar umas às outras para conquistar nosso espaço”, ressalta a agricultura Karla Sanches Rossato, de Sertanópolis.
Capacitação técnica
Foi para ajudar mulheres como Karla e Rejane que a linha de sementes Dekalb, da Bayer, criou um projeto específico para oferecer às mulheres, líderes no campo, mais conhecimento técnico e ajudar no empedramento delas. “A ideia surgiu quando eu comecei a perceber que nos eventos que realizávamos eu era a única mulher. Comecei a refletir de por que não havia outras, se existem tantas que trabalham com os maridos e os filhos e até administram a propriedade. E assim nasceu a iniciativa de criar grupos de mulheres e oferecer a elas informações técnicas e capacitação. Deixando-as mais confortáveis e ajudar na quebra do preconceito. Uma pesquisa feita em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio mostrou que 46% das mulheres entrevistadas sofrem ou já sofreram algum tipo de preconceito no meio. Então, essa iniciativa é para capacitar as mulheres de forma técnica e fazê-las se sentirem mais seguras e confortáveis para desempenhar seu papel no campo, além de serem exemplo para outras mulheres se encorajarem e se fortalecerem nessa área. O homem e a mulher trabalhando juntos faz muita diferença”, destaca a idealizadora do projeto e responsável técnica de Vendas Dekalb, Carla Bioni.
Nessa quinta-feira (6), um grupo de 15 mulheres foi recebido pela empresa no Show Rural. Esse é o segundo ano que a ação ocorre na feira em Cascavel, mas a iniciativa se repete em outras feiras pelo País. A empresa também realiza, em parceria com outras do ramo, o Prêmio Mulheres do Agro para mulheres que desenvolvem bons trabalhos e tenham iniciativas que auxiliem no desenvolvimento do setor.
Em 2019, Karla Sanches Rossato foi a vencedora. As inscrições para a edição de 2020 já estão abertas.
“A igualdade é necessária e as empresas também precisam ver esse lado das mulheres do campo. Nós não queremos ser mais ou menos do que ninguém, só queremos trabalhar e crescer. E nos munindo de informações técnicas como nessa visita é a melhor forma de conseguir isso. Por isso iniciativas como essa devem ser multiplicadas”, acrescenta Rejane.