O Paraná tem batido recordes na produção de grãos e proteína animal. Atualmente, ocupa a liderança brasileira no ranking dos estados produtores e exportadores de carne de frango. Encontra-se na segunda posição no ranking produtivo da suinocultura do País. A região oeste se destaca como a principal região transformadora de grãos em proteína animal do País.
Para que toda essa engrenagem robusta do agronegócio possa girar, existem diversos setores que fazem parte da equação, dentre eles o setor florestal. Ocupando um lugar estratégico, é o grande responsável por fornecer toda a energia térmica destinada a secagem de grãos, aquecimento de aviários e alimentação das caldeiras nas agroindústrias.
Apesar de o setor florestal paranaense ser forte e importantíssimo para a economia do Estado, ele se concentra em regiões em que o agronegócio não possui a mesma importância. Assim, a região oeste nunca recebeu a atenção necessária por parte das instituições que desenvolvem tecnologias ou políticas públicas para o setor. O planejamento florestal ficou à deriva, praticados de forma rústica, muitas vezes sem parecer algum de engenheiros florestais.
Com o aumento do consumo de energia por parte das agroindústrias, a diminuição da lenha oriunda de florestas nativas e a fama de o eucalipto ser uma poupança verde, muitos se tornaram silvicultores e entraram quase ao mesmo tempo no mercado. Poucos deles com florestas de qualidade e todos sem saber o que iriam fazer com a madeira ao fim do ciclo, muito menos para quem iriam vender. Sem buscar assistência qualificada, esses produtores se basearam em vivencias de outras regiões, onde o setor florestal é desenvolvido. Muitos acreditaram que iriam receber ao fim do ciclo o valor da tora grossa praticado em regiões florestais e acabaram se desmotivando quando o valor oferecido era de tora fina, para energia.
Esse cenário explica o que vem acontecendo nos últimos anos. Oferta abundante de madeira proveniente de produtores descontentes, destocando e transformado a floresta plantada em culturas anuais ou mesmo pasto para o gado. Vale ressaltar ainda que as agroindústrias, na sua maioria, não possuem um planejamento florestal adequado para serem autossuficientes, dependendo cada vez mais do mercado para suprirem suas demandas por energia térmica.
A região passa por um período preocupante, com poucos plantios novos. A tendência é a entrada de material de regiões distantes, chegando ao consumidor final a um valor maior. Essa alternativa pode encadear um aumento no custo de produção e um risco ao setor do agronegócio, pois dependem do mercado de outras regiões com dinâmicas econômicas diferentes.
A grande oportunidade nesse cenário é o espaço que se abre para a atuação de produtores que investirem de maneira profissional. Quando realizado de forma qualificada, com assistência técnica adequada atenta às tendências do mercado e a participação de empresas que possuem responsabilidade das suas ações, é certo a viabilidade econômica.
O setor florestal no oeste do Paraná carece de profissionais e empresas que auxiliam na produção de toda a cadeia de valor florestal, de forma sustentável e responsável.
A era do “metrinho” vai acabar! Estamos em um momento em que os consumidores de energia térmica estão começando a se preocupar cada vez mais com a qualidade do combustível, como a densidade, poder calorífico e teor de umidade. A lenha e o cavaco devem ser considerados combustíveis, e deverão ser produzidos de forma responsável e com qualidade.
Giordano Corradi é engenheiro florestal, diretor executivo da MCW Bioenergia, associado da Aefos