A Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal) está tentando reverter o embargo adotado temporariamente pela China sobre a importação da carne de frango produzida no Brasil. O governo de Pequim considera que os produtos chineses são alvo de concorrência desleal e devem anunciar uma medida final sobre o tema em agosto.
A Abpa emitiu nota de protesto tão logo soube da decisão do Ministério do Comércio da China, em vigor desde 9 de junho, agora trabalha para derrubar a exigência de que os importadores chineses de frango brasileiro tenham que fazer depósitos que variam de 18,8% a 38,4% do total das compras.
Ao todo, 29 empresas brasileiras foram atingidas pela medida. Dados divulgados pela Abpa indicam que em 2017 foram vendidas à China 391,4 mil toneladas de carne de frango, volume que corresponde a 9,2% do total exportado pelo Brasil.
Para o advogado Carlos Araúz Filho, que representa uma das empresas selecionadas para apresentar informações ao Ministry of Commerce of the People’s Republic of China – Mofcom, “a avicultura brasileira conquistou uma posição de destaque no cenário mundial, sendo o Brasil, atualmente, um dos maiores exportadores para o mercado chinês, razão pela qual entende que a República Popular da China irá respeitar as regras estabelecidas pelo acordo antidumping da Organização Mundial do Comércio, de forma a restabelecer esta importante relação comercial que une os dois países”.
Importantes advogados brasileiros e chineses, especializados em trade law, estão auxiliando as exportadoras brasileiras, via Abpa, a acompanhar as tratativas com o Mofcom, órgão responsável pela condução desse processo.
Cenário
O governo brasileiro afirmou oficialmente que os indicadores apontam que as importações brasileiras não afetaram as vendas da carne de frango produzida na China. A expectativa é de que o governo chinês encerre a investigação e não aplique as medidas antidumping em caráter definitivo.
Maior exportador de frango do mundo, o Brasil é o principal fornecedor externo de produtos avícolas para o mercado chinês. Os Estados Unidos eram o principal vendedor até 2010, quando Pequim adotou tarifas antidumping sobre os produtos norte-americanos. A China tem sido pressionada a reabrir seu mercado para o frango norte-americano.
Há dinheiro para o capital de giro
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) atendeu a um pleito do setor de aves e suínos e disponibilizou uma linha de crédito de R$ 1,5 bilhão para capital de giro, com juros de 8% a 10%.
A informação da Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal) reforça que o recurso foi definido em reunião entre o presidente da entidade, Francisco Turra, o presidente da instituição financeira, Dyogo Oliveira, além de membros da diretoria da associação e da equipe técnica do BNDES. A linha terá dois anos de carência, com mais três anos para pagamento após este período.
Ainda de acordo com a entidade, o banco abriu a possibilidade de refinanciamento de crédito de investimento obtido em operação direta, dado o nível de endividamento do setor causado por barreiras de exportação impostas por países compradores e efeitos da greve dos caminhoneiros.
Nesta semana Turra deve se reunir com o vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, Tarcísio Hübner, e com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em encontros distintos, para discutir o endividamento da indústria de proteína animal e negociar a recuperação do acesso pleno a mercados como a União Europeia, para frangos, e a Rússia, no segmento de suínos.