Agronegócio

Empresas pedem desconto em multas aplicadas durante greve

Empresas que foram multadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por obstruir vias durante a greve de caminhoneiros foram ontem (29) à sede da AGU (Advocacia-Geral da União), em Brasília, para negociar um eventual desconto, facilidade no pagamento e, em alguns casos, perdão completo das penalidades.

A advogada-geral da União, Grace Mendonça, que presidiu a reunião de conciliação, disse que o objetivo do encontro não foi alcançar um entendimento final, mas ouvir e depois encaminhar ao STF até o dia 10 de setembro as propostas e reivindicações de todas as empresas envolvidas, após consultas a todos os órgãos competentes.

“Na verdade, tivemos colocações das duas ordens, tanto no tocante a valor envolvido quanto de parcelamento. Todas essas sugestões nós vamos consolidar e fazer uma análise no sentido de sua viabilidade”, disse a AGU.

Ela afirmou, porém, que a AGU não considera a flexibilização de penalidades como um objetivo a ser alcançado. “Não estamos trabalhando de forma alguma na perspectiva de anistiar multa, de dar desconto a multa, na perspectiva de eventualmente inviabilizar o cumprimento das multas.”

O ministro dos Transportes, Valter Casimiro, disse que trabalha pela assinatura de um termo a ser firmado pelas empresas penalizadas, para que se comprometam a não voltar a obstruir vias, “para que não se volte a ter desabastecimento”.

Diferentes casos

O ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável por aplicar cerca de R$ 715 milhões em multas, disse após audiência pública sobre o assunto no último dia 20 que o perdão não é possível, mas que analisará, por exemplo, a situação de empresas que foram multadas por causa de veículos que haviam sido locados a terceiros.

Há o caso também de empresas que não atuam no ramo de transportes, mas que porventura tiveram seus veículos retidos na paralisação e foram multadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Segundo a advogada Marcella Daibert, que representou as empresas do ramo de comércio na reunião de conciliação realizada nesta quarta na AGU, das 151 empresas multadas, ao menos 73 não tem o serviço de transportes como objeto social, das quais 25 são microempresas (receita bruta até R$ 360 mil por ano) e 17 são pequenas empresas (receita bruta de até R$ 4,8 milhões ao ano).

Diferentes setores

“Tem empresa que é comércio, tem empresa que é indústria de iogurte, indústria de sorvete, tem empresa que fabrica móveis, mas usa veículo próprio pra fazer entrega própria”, exemplificou a advogada. “Teve moto multada, carro de funerária, ambulância multada na greve dos caminhoneiros. Por isso viemos aqui hoje para pedir para separar os grupos e tratar diferentemente os desiguais”, acrescentou ela.

Além de representantes de diferentes ramos como comércio, indústria, agricultura, locadoras e transportadoras, também participaram da conciliação o secretário-executivo do Ministério da Segurança Pública, Luís Carlos Cazetta; o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Renato Antônio Borges Dias; o diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Mario Rodrigues; o diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte), José da Silva Tiago.