Cascavel – A desvalorização das principais commodities agrícolas e as condições normais na produtividade agrícola se fizeram redominantes na queda do VBP (Valor Bruto de Produção) no Paraná em 2017. O levantamento dos técnicos da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura) aponta que ano passado o chamado “PIB da Agropecuária” chegou a R$ 85,3 bilhões no Paraná: 3,4% a menos que em 2016, quando a agricultura paranaense alcançou o histórico VBP de R$ 88,8 bilhões.
A pesquisa engloba 300 itens em comercialização nos 399 municípios, de segmentos da agricultura, pecuária e florestais. Até setembro, os gestores públicos poderão questionar os dados. Isso porque o levantamento afeta diretamente o repasse de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Embora a comparação indique queda no último relatório, 2016 é considerado um ano atípico: foi quando o Paraná produziu 35 milhões de toneladas em grãos – quebra registrada em função das condições climáticas desfavoráveis ao campo: fator que alavancou os preços dos produtos. Já em 2017 a produção no Estado atingiu 41 milhões de toneladas, forçando então uma estabilização dos preços praticados.
Outro fator desfavorável está relacionado à Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que afetou de maneira significativa o setor agropecuário.
Essa é a primeira redução registrada no Estado desde 2014: R$ 87,4 bilhões em 2015, R$ 75,1 bilhões em 2014 e R$ 77,6 em 2013. No comparativo de 2015 com 2016 o aumento foi de 1,7% em VBP estadual.
Apesar de também registrar queda, Toledo manteve o primeiro lugar do ranking estadual, com R$ 2,1 bilhões, seguido de Cascavel, com pouco mais de R$ 1,5 bilhão e Castro R$ 1,4 bilhão.
Região oeste
Dentre 48 municípios do oeste do Paraná que são compreendidos nos Núcleos Regionais da Seab de Cascavel e Toledo, 35 tiveram queda na com o ano anterior. São José das Palmeiras teve o pior resultado (-16%), em seguida vêm Vera Cruz do Oeste e Capitão Leônidas Marques (-14%) e Santa Terezinha de Itaipu, -13%.
Nos 28 municípios que integram o Deral de Cascavel, a queda do VBP é de 6%, totalizando R$ 8,8 bilhões; já na regional de Toledo – 20 municípios -, a queda é de 4%, com acúmulo de R$ 9,5 bilhões.
Em Cascavel, os índices negativos foram puxados principalmente pela pecuária. O setor da avicultura foi o maior responsável pela baixa, devido ao fechamento de aviários. “Além dessa situação na avicultura, tivemos alta no preço da ração para suínos. Já os preços dos grãos estiveram estabilizados”, diz a economista Jovir Esser, do Deral em Cascavel.
Somados os Núcleos Regionais de Cascavel e Toledo, o PIB do campo totaliza R$ 18,3 bilhões, queda de 4% sobre 2016, que chegou a R$ 19,1 bilhões, e alta de 15% sobre 2015, que totalizou R$ 16,620 bilhões.
Toledo é a octacampeã no VBP do Estado
Se fosse na Copa do Mundo, Toledo seria sem dúvida a seleção mais invejada por ocupar pelo oitavo ano consecutivo a liderança no VBP do Paraná. A cidade obteve R$ 2,1 bilhões em 2017 – uma redução de R$ 22 milhões, que representam 1%, na comparação com os dados de 2016. Na comparação com o VBP de 2015, o VBP foi 10% maior.
O Município possui fortes incentivos em infraestrutura aos agricultores, que acabam influenciando no ganho em produtividade. A suinocultura é o grande destaque e tem como aliada a produção de grãos. “Temos setores fortes como a avicultura e o leite que beneficiam esse resultado. Essa leve queda também pode ter sido provocada por mudanças na empresa que abate os suínos. Apesar disso, a carne suína teve uma manutenção dos valores, hoje de R$ 3,24 o quilo”, afirma o secretário de Agricultura Pecuária e Abastecimento, Cristopher de Azevedo.
Para o ano que vem os dados não são tão promissores em função de embargos de carne no mercado externo e também a greve dos caminhoneiros. “Houve um atraso na produção e isso sem dúvida vai afetar o índice em todo o Estado”.
Diversificação salva produtores
Com os prejuízos acumulados em anos anteriores, os agricultores paranaenses aprenderam uma lição: não é possível apostar em apenas uma cultura. Por isso, apesar dos problemas relacionados com a desvalorização de commodities, desde grãos, carnes e leite, o VBP teve uma leve queda no Estado.
Com as denúncias de resíduos químicos em carnes, na Operação da Polícia Federal, os consumidores deixaram de comprar o alimento. Em relação ao leite, também houve queda nas vendas e os produtores desestimulados pelos preços baixos deixaram de investir no produto. Mas quem tinha em uma pequena propriedade diferentes fontes de renda obteve bons resultados. “A diversificação foi fundamental para os produtores da região”, enfatiza o técnico do Deral de Toledo Paulo Oliva.