RIO ? Quatro dias após a apresentadora Leda Nagle se dizer “triste” e “perplexa” com o que considerou “falta de caráter” dos executivos da TV Brasil no caso de sua demissão, o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Laerte Rimoli, publicou nas redes sociais sua versão sobre o ocorrido.
Em texto intitulado “O show da Leda Nagle”, Rimoli relatou como foi a reunião realizada na última quarta-feira, em sua sala, que teve participação ainda do superintendente da TV Brasil, Caíque Novia, da diretora do produção, Cida Fontes, e do assessor jurídico da EBC, Marcelo Nascimento.
“Ela entrou na sala, perguntou quem era o Caíque e disparou: o programa está ótimo, não precisa de mudanças. Quando eu disse o contrário, o mundo desabou. Você está me demitindo, gritou, furiosa. Cida tentou argumentar: seria uma prorrogação de 2 meses, até 5 de janeiro e um novo contrato, semelhante ao que temos com a jornalista Roseann Kennedy, seria discutido pelas partes. Aí Leda foi a Leda que todos conhecemos: ‘Não sou Roseann Kennedy, tenho 40 anos de profissão. Você sempre quis me demitir, Cida Fontes, não entende nada de televisão. Não vou brigar com você, Laerte, que é meu amigo (imagina se não fosse). Os concursados da EBC são incompetentes, desinformados, não gostam de trabalhar’. Levantou-se, parou em pose dramática na porta da sala e pespegou: ‘vou tornar isso público’, revelou o executivo.
Segundo Rimoli, a EBC passa por um processo de revisão de contrato com todos os jornalistas, prestadores de serviços e colaboradores. Por isso, a empresa não conseguiria manter, no próximo ano, o contrato com Leda seguindo os atuais valores ? “R$ 1,3 milhão ao ano, com o uso de estúdios e quatro produtores da empresa, na rubrica investimento, por tratar-se de co-produção”.
“Nos meses de janeiro e fevereiro, os programas eram gravados e a profissional desfrutava de 60 dias de folga. Simples relato, já que o contrato vigente permitia essa lassidão. Os dados estão disponíveis pela lei de acesso à informação. Neste ano de 2017, uma novidade: Leda recebeu um generoso convite de um amigo (relato dela) e ficaria mais 2 semanas fora, em março, para conhecer Dubai”, revelou o executivo.
Rimoli ainda definiu as relações com Leda como “tempestuosas”, desde que ela substituiu Lúcia Leme como apresentadora do “Sem Censura”, há 21 anos.
“Torço, do fundo d’alma, para que Leda Nagle encontre seu rumo. Amigos, com certeza, não lhe faltarão. De minha parte, tenho a obrigação de mudar a lógica perversa de que o dinheiro público existe para ajudar amigos e apaniguados. Respeito orçamento e acato os alertas que as áreas técnicas fazem sobre o futuro da empresa. Preocupante, como preocupantes estão as contas do país”, concluiu. Larte Rimoli no Facebook
VERSÃO DE LEDA
Em comunicado publicado em seu Twitter, na semana passada, Leda se disse “triste” e “perplexa” com o que considerou “falta de caráter” dos executivos da emissora, e reclamou da falta de espaço para a negociação. Segundo ela, o motivo alegado foi falta de verba para manter o programa no ar.
“Confesso que preferia ficar calada neste momento. Recolhida, lambendo minhas feridas, me reorganizando, repensando a vida com o coração e a razão”, disse a apresentadora, em comunicado publicado em seu Twitter. “Mas, ao mesmo tempo, me sinto na obrigação de esclarecer esta situação que me surpreendeu ontem e que ainda não posso dizer, sinceramente, que assimilei ou degluti”.
Segundo a apresentadora, seus contratos tinham a vigência de um ano, e o vencimento do último foi em 5 de novembro. “Há dois meses procurei a direção da EBC para saber se iriam renovar meu contrato, a resposta foi: sim. Fizemos três reuniões falando do assunto, cumpri as regras burocráticas e continuei no ar, mesmo sem contrato, cumprindo minhas obrigações de acordo com as normas que acreditava vigentes”.
A jornalista alega que tanto o presidente da EBC, como sua equipe, agiam “como se tudo estivesse certo”. “Segundo me diziam eles, ‘o contrato está acabando de ser feito pelo jurídico’. Sempre foi assim, demorado (…). Ontem, me convocaram para uma reunião e me apresentaram um aditivo (tipo um remendo de contrato) que vale por dois meses e termina dia 5 de janeiro, coincidentemente dia do meu aniversário”. Embed Leda
“Claro que fiquei triste. Tenho 40 anos de televisão. Estou fazendo o ‘Sem censura’ há quase 21 anos. Gosto muito do programa e da minha equipe. E, mais do que triste, fiquei perplexa com a falta de caráter em me dar a palavra de que estava tudo certo, que o contrato seria renovado, deixar a pessoa trabalhar normalmente, sem contrato, acreditando na palavra empenhada e aparecer com advogado, um aditivo e esta desculpa esfarrapada da falta de dinheiro”, reclamou.
“Não houve nenhuma proposta de redução do valor do contrato, nenhuma tentativa de composição (…). Foi muito feito. Fiquei e estou muito triste. Mas vida que segue. Sou uma mineira guerreira. Bola pra frente, com certeza. Se Deus quiser”, finaliza.