Policial

Vereador suspeito de integrar milícia em acampamentos de sem-terra é solto

Claudelei Torrente de Lima, de Quedas do Iguaçu (PR), deixou a Penitenciária Industrial de Cascavel na quinta (18)

O vereador de Quedas do Iguaçu, no sudoeste do Paraná, Claudelei Torrente de Lima (PT) deixou a Penitenciária Industrial de Cascavel, no oeste, na quinta-feira (18). Ele estava preso desde novembro de 2016, quando foi deflagrada a Operação Castra, suspeito de integrar uma quadrilha que mantinha uma espécie de milícia em acampamentos e assentamentos de sem-terra no Paraná.

“Cachorro”, como é conhecido, será monitorado por uma tornozeleira eletrônica e terá que respeitar algumas regras como não deixar a cidade onde mora sem comunicar a Justiça e não ter contato com testemunhas e investigados citados no processo.

Segundo o advogado, até agora nenhuma audiência foi marcada.

Mais votado nas eleições municipais de 2016, o vereador se licenciou do cargo logo após a prisão. Ele tomou posse em janeiro durante uma solenidade na penitenciária e deve assumir as funções na Câmara Municipal de Quedas do Iguaçu na segunda-feira (22).

Milícia Particular

De acordo com as investigações, líderes do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se aproveitavam da posição de poder para cometer crimes em assentamentos e acampamentos. A polícia apurou que lideranças mantinham uma espécie de “milícia particular” e cobravam taxas, por exemplo, pelo uso de água e de energia elétrica.

Ainda conforme a investigação iniciada após a invasão de uma fazenda em Quedas do Iguaçu, cerca de 10 mil trabalhadores sem- terra de vários acampamentos e assentamentos da região oeste e sudoeste do Paraná vivem sob um regime de leis criadas pelos coordenadores, numa espécie de estado paralelo.

Em depoimento, muitos acampados reclamaram das penalidades impostas a quem não cumpre as regras estabelecidas pelo grupo.

Ligações telefônicas interceptadas com autorização da justiça revelam que quem quiser sair do acampamento precisa pedir permissão.

Nestes locais, conforme um ex-morador que viveu na região de Quedas do Iguaçu, a segurança das áreas ocupadas é feita por milícias, as chamadas equipes de disciplina, que estabeleciam inclusive toque de recolher.