Policial

Tragédia: Polícia investiga se crime foi encomenda do PCC

Melissa Almeida, psicóloga no Presídio Federal de Catantuvas, seria o alvo da quadrilha

Um crime encomendado. Assim é tratado o assassinato da especialista federal em assistência à execução penal, Melissa Almeida, de 37 anos. Ela foi morta com dois tiros de um fuzil 556 na cabeça, no início da noite de quinta-feira, em frente ao condomínio em que morava com a família, no Bairro Canadá.

Além de Melissa, o marido dela, o policial civil Rogério Ferrarezi, de 36 anos, foi atingido por oito disparos de arma de fogo e, em estado grave, foi encaminhado ao Hospital Universitário de Cascavel, onde permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

De acordo com o delegado adjunto da 15ª SDP (Subdivisão Policial), Rodrigo Baptista, eles foram seguidos pelos criminosos até chegar na residência. “Eles chegavam em casa quando o grupo atirou em direção a eles. Os criminosos estavam fora do condomínio e quando o portão foi aberto entraram com a família e começaram a atirar”.

Segundo o delegado, foram mais de 20 tiros. “Dois tiros atingiram a cabeça de Melissa e oito no policial Ferrarezzi.

Questionado em relação ao alvo dos criminosos, Rodrigo disse que, a princípio, era Melissa. “Estamos apurando toda a situação, mas tudo indica que seja uma situação relacionada ao Sistema Penitenciário Feral”.

O delegado disse ainda que, por conta de Melissa ser responsável por analisar laudos de presos do Presídio Federal de Catanduvas, participando de uma comissão de investigação para as condições psicológicas dos detentos, o crime pode ter sido motivado pelo trabalho que ela exercia.

Em relação a uma possível ligação da morte da psicóloga com o agente federal, Alex Belarmino, executado em setembro do ano passado na Região do Lago, em Cascavel, Rodrigo disse que pela forma do crime, os assassinatos podem ter ligação. “É uma movimentação bastante parecida. Os envolvidos no caso de quinta-feira vieram a Cascavel há cerca de uma semana, alugaram uma casa e estavam monitorando a servidora federal”.

No início da tarde de ontem, um veículo Cobalt, com placas clonadas de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, foi localizado pela polícia. O carro estava abandonado no Jardim Colméia. No banco traseiro, a perícia encontrou marcas de sangue e munições. Há indícios que o veículo tenha dado fuga aos criminosos envolvidos no assassinato de Melissa e na tentativa contra o policial. Tissiane Merlak

Presos e mortos

Conforme a Polícia Civil, os dois homens presos na madrugada de ontem após um novo confronto com a polícia em uma casa na Rua Corbélia, no Jardim Colméia, Wellington Freitas da Rocha, de 27 anos, e Edy Carlos Casarin, de 42, possuem uma extensa ficha criminal. “O Wellington é natural de Maringá, o Edy de Curitiba, e juntos eles possuem passagens pelos crimes de associação criminosa, roubo, Maria da Penha, receptação, dentre outros”. Sobre um possível envolvimento da quadrilha com alguma facção criminosa, o delegado disse que Wellington é integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Além dos dois presos, dois homens morreram em confronto. O primeiro, identificado preliminarmente como André Marcelo, foi morto pelo policial civil Rogério Ferrarezzi. O segundo homem, que até o fechamento da edição não havia sido identificado, morreu no confronto com policiais militares do Serviço Reservado do 6º Batalhão no fim da noite de quinta-feira. TM

Mais envolvidos

Por se tratar de um homicídio qualificado envolvendo uma agente federal, caso se confirme que o alvo da quadrilha era Melissa, a Polícia Federal deve dar prosseguimentos às investigações.

De acordo com o delegado-chefe da Polícia Federal, Marco Smith, há mais pessoas envolvidas no crime. “Não se consegue fazer uma ação, da forma como ela foi feita, com quatro elementos”.

Questionado em relação a uma possível ligação do crime com o PCC, Smith disse que esse fato está sendo investigado. “Há todas as assinaturas de uma facção criminosa paulista”. Segundo o delegado, o crime causa um desconforto bastante grande. “Isso é um atentado ao próprio Estado. Não podemos admitir que as pessoas sejam mortas em função de estarem trabalhando para o bem comum, para o bem da sociedade”. Ele disse ainda que a morte da servidora pode ser um alerta para outros profissionais de segurança.