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Nuzman: COB não é responsável por manutenção e uso de arenas olímpicas

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Após ser sede dos Jogos Olímpicos, de criar o Time Brasil e ter investimento recorde na preparação para o Rio-2016, o Brasil volta mais de 15 anos no tempo e retorna aos idos de Sydney-2000, segundo Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Rio-2016. Para ele, a situação financeira das confederações e da própria entidade nacional, que não renovaram parcerias ou perderam patrocínios, era esperado.

? Era natural que se esperasse esse cenário mais difícil, com menos patrocinadores e a não renovação de parcerias. Voltamos a antes de Sydney, em 2000, quando os recursos eram menores e diferentes e sem os incentivos da Lei Agnelo Piva. Nós temos uma equipe nova na área comercial para lançar um projeto que reforçará as nossas marcas, principalmente a do Time Brasil. As discussões de renovação de patrocínio não tiveram um “sim” ou um “não”, é questão da gente apresentar novas ideias e isso correrá nas próximas semanas. O Brasil passou de 2002 para 2016 organizando grandes eventos esportivos e a origem dos recursos eram diversas ? observa Nuzman, que não quis informar o valor da dívida do Rio-2016.

? O evento foi de R$ 9 bilhões e essa dívida é de cerca de 1% (90 milhões). Não estou citando valores, é de cerca de 1%, um pouco mais ou menos, Estamos resolvendo nossa dissolução e estamos em auditoria final.

Para ele, os casos mais graves são o do basquete (desfilada pela Fiba) e do taekwondo (está sob intervenção). Citou ainda a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos que vive guerra política, além do escândalo de sua diretoria envolvida em má gestão do dinheiro público.

? É natural que as notícias ruins sobre as confederações afetem. Mas são mais de 30 confederações e não é a maioria as que tem problemas com o Tribunal de Contas da União. Os recursos que são dados por nós são controlados. Os demais foge da nossa alçada.

Nuzman se eximou ainda da responsabilidade na manutenção e no uso futuro das instalações do Parque Olímpico. Após projeto frustrado de parceria com a iniciativa privada, cinco arenas, incluindo o velódromo, estão fechadas e sob responsabilidade do Ministério do Esporte. Nuzman afirmou que o COB teria interesse em administrar uma das arenas mas somente se tiver recurso para isso.

? O COB não tem responsabilidade nisso. Lá atrás, estabelecemos que não fazemos obras, ficou claro que nem COB nem Rio-2016 faria obras. Não temos a responsabilidade de dizer o que vai ser feito. Não é que lavo as mãos mas tenho limites financeiros, por causa da manutenção, e de como se deve usar essas instalações porque não temos interferência. É complexo. O COB entregou antes mesmo dos Jogos Olímpicos um projeto esportivo para o uso do Parque Olímpico visando Tóquio-2020. Fico preocupado, é natural. ? comentou Nuzman, que admitiu interesse em administrar uma das arenas.

– Temos interesse sim em administrar uma das arenas, a maior até. Mas precisamos de recursos para isso. Isso seria fatiar o Parque Olímpico. É possível. Podemos estudar uma viabilidade sobre essa linha. Tenho convicção que acharemos uma solução, como achamos para o Maria Lenk depois do Pan-americano, em 2007.

Ele lembra que parte do projeto do Parque Olímpico, que prevê a construção de alojamentos (ainda não construídos pela concessionária liderada pela Odebrecht, previstos para depois dos Jogos), ainda não está totalmente concluído e é importante para eventual uso das arenas, como a criação de Centros de Treinamento.

? Hoje não tem onde os atletas ficarem, dormirem. Precisa ter alojamento. O COB não tem recursos financeiros para assumir a administração de uma ou mais arenas agora. Mas temos gente e conhecimento.

Nuzman também afirmou que para Tóquio 2020 a entidade não divulgará meta de medalha. O Brasil não atingiu a meta no Rio, que era o décimo lugar. E que o legado esportivo não corre risco:

? Nenhuma cidade se transformou tanto como o Rio, que há mais de 50 anos não passava por grandes obras. O legado está aí e precisa ser pautado por aqueles que são seus titulares. O COB tem o seu trabalho e anunciou publicamente seus objetivos e recursos para cada confederação dentro de um cenário e criando novas formas de avaliação de cada uma das confederações. O Parque Olímpico não esta fechado ? comentou o dirigente. ? Não fui eu que divulguei meta. Não falaremos mais sobre metas. Aliás, não falo sobre metas. Teremos internamente. Nem em Tóquio falarei. Não faço previsões, ninguém tem condições de estabelecer isso em relação a medalhas, ainda mais agora, temos quatro anos pela frente e nessas condições que falamos (investimento) ? respondeu referindo-se a Marcus Vinicius Freire, ex-superintendente de Esportes do COB com o qual teve desentendimentos, e que foi o responsável pela divulgação das metas.